Querida E3. Você acabou num dia 12 de dezembro de 2023, depois do cancelamento da edição naquele ano. Para alguém nascido em 1989, você preencheu o meu imaginário desde a sua criação, como um braço da feira de tecnologia CES. E vai embora de morte “matada”, não morrida.
Digo matada porque o encerramento da E3 não se deu por falta de relevância. Embora a feira presencial só reunisse cerca de 65 mil pessoas em Los Angeles, nos Estados Unidos, milhões de pessoas assistiam nas transmissões ao vivo. Não era a maior feira de games, mas era a mais relevante. A dos lançamentos mais quentes. A das reuniões de negócios.
A E3 foi morta por decisões dos poderosos dessa indústria do entretenimento. A mesma indústria que já demitiu cerca de 6000 mil trabalhadores neste começo de 2024 após cerca de 10 mil no ano passado.
Obtou-se, entre os patrocinadores, não realizar mais um evento presencial, focar em feiras menores e eventos online.
São escolhas que cobram um preço – e que pode servir de argumento para outros eventos ou mesmo o ressurgimento dele. A indústria de videogames não vai desaparecer, mas está mudando com as atividades online e a atuação da inteligência artificial.
O Drops de Jogos teve sua correspondente internacional na E3 em 2016 e eu fui em duas edições da feira, em 2017 e 2018. Cheguei a me inscrever na edição de 2019, mas não fui (e os dados dos jornalistas foram vazados naquele ano).
Pude acompanhar os lançamentos de God of War, jogar Marvel’s Spider-Man para PlayStation 4 antes de chegar nos consoles, experimentar o remake de Resident Evil 2 em primeira mão, apreciar Skull And Bones antes do seu adiamento prolongado. Me diverti com brindes espalhados pela feira.
Acompanhamos uma palestra de Hideo Kojima no lançamento de Death Stranding. Vimos Shigeru Miyamoto na Ubisoft ao anunciar Mario + Rabbids Kingdom Battle.
A E3 marcou uma mudança no trabalho jornalístico que tenho neste site. Conheci através das revistas mensais dos anos 1990, quando pouquíssimos brasileiros tinham condições de conhecer os EUA e como esse mercado influencia o mundo todo.
Sou grato ao evento. Lamento seu encerramento. E espero que as pessoas responsáveis por essas mudanças saibam que decisões que mexem com aspectos tradicionais desse mercado podem guiar os profissionais para caminhos não muito interessantes para eles próprios.
Não se trata de ser pessimista, ao contrário dos otimistas que esperam que a decisão tenha sido para melhor. Trata-se do realismo com os dados que temos do mercado e algumas mudanças preocupantes.
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Eles só perceberam que podem atingir seu público através dos influencers e não precisam gastar rios de grana em um evento para a imprensa, os influencers trazem um público muito mais qualificado