Indústria

Ex-funcionária da Riot processa CEO por assédio

Sharon O’Donnell, que era Assistente Executiva da Riot Games, está processando o CEO, Nicolo Laurent, e a empresa.

Ela alega que, durante os três anos em que trabalhou lá, Laurent a assediou sexualmente, a discriminou e retaliou quando ela reclamou a respeito do comportamento dele para o RH. O processo foi obtido pela revista Vice. Nele, O’Donnell foi contratada pela Riot em outubro de 2017 como assistente executiva de Laurent. Ela diz que Laurent começou a assediá-la pouco tempo depois de ela ter sido contratada e permaneceu fazendo isso até ela ser demitida, injustamente, de acordo com O’Donnell, em julho de 2020.

Incidentes mencionados no processo incluem Lauren supostamente dizendo que O’Donnell era “linda” e que a esposa dele tinha ciúme de mulheres bonitas. Ele também teria criticado o tom de O’Donnell dizendo que era “abusivo” e que ela precisava ser “mais feminina”. Existiram também supostas conversas em que Lauren dizia para O’Donnell não deixar que a esposa dele soubesse quão próximos eles eram, colocando os braços ao redor dela. Ademais, O’Donnell alega que Laurent fez ofertas de benefícios no trabalho, tanto implícitas quanto explícitas, nas quais condicionava possíveis vantagens à aceitação de uma relação sexual. Ela diz que, após ter recusado um convite para visitar a casa de Laurent, a “hostilidade e raiva dele aumentaram.” Ela teria passado a ouvir ainda mais gritos e perdido ainda mais funções no trabalho. De acordo com o suposto relato, uma reclamação com o RH apenas resultou em mais críticas e, eventualmente, ela foi demitida da empresa.

Ela também está processando a Riot não apenas por falhar na prevenção do assédio como também por, supostamente, não pagar o salário precisamente, dizendo que ela não recebeu por todas as horas trabalhadas, incluindo horas extras. A empresa também teria falhado ao não garantir os momentos de descanso previstos na lei e pausas para refeições. No processo, O’Donnel descreve uma “cultura dominada por homens” na Riot, em que mulheres são “discriminadas, assediadas e tratadas como cidadãs de segunda class”. Ela mencionaria, especificamente, uma série de processos contra a cultura de trabalho da Riot Games que, em 2018, múltiplas fontes descreveram como tóxica e sexista. Desde então, a Riot tentou tratar desses problemas em relação à cultura da empresa com mudanças de políticas e contratando o primeiro chefe de diversidade na própria história, mas as questões permaneceram nos holofotes por causa de um outro processo movido por funcionários atuais e ex-funcionários alegando descriminação.

O segundo processo acabou sendo barrado após a Riot alegar que as pessoas que o estavam movendo não podiam fazer isso legalmente, porque assinaram cláusulas arbitrais quando entraram na empresa, o que levou funcionários a organizarem uma passeata, em 2019, em solidariedade aos que tentaram mover os processos e não puderam por causa das tais cláusulas. Eventualmente, a Riot tentou arrumar um acordo pagando US$ 10 milhões em indenização, mas esse acordo foi desfeito quando o Departamento de Emprego e Moradia Justos da Califórnia (DFEH) e o Departamento de Normas e Execução do Trabalho (DLSE) consideraram a quantia muito pequena. Em janeiro, a Riot tentou usar a cláusula arbitral novamente — resultando em uma declaração conjunta dos órgãos DFEH e DLSE, em que eles alegam que a Riot Games violou a lei ao discriminar as próprias funcionárias. Os departamentos declararam, então, que iriam prosseguir com a ação legal contra a empresa em respeito às mulheres envolvidas, incluindo aquelas que assinaram cláusulas arbitrais.

O grupo Riot Workers United [Trabalhadores da Riot Unidos], um coletivo sindicalizado de funcionários da Riot Games que busca mudanças na empresa, divulgou um pronunciamento a respeito do processo movido por Sharon O’Donnell contra o CEO da Riot, Nicolo Laurent.

“Relações inapropriadas combinadas com abuso de poder são um problema inerente a qualquer empresa em que os líderes não são responsabilizados. Historicamente, a Riot é uma empresa em que líderes não foram responsabilizados”.

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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