Alguns trabalhadores da Ubisoft divulgaram na última quarta (28) uma carta aberta em apoio aos funcionários da Activision Blizzard após o processo por causa da cultura de abuso e assédio sexual contra mulheres empregadas na companhia.
Essa mensagem divulgada por Stephen Totillo, da newsletter Axios, diz o seguinte no Twitter:
“Aos trabalhadores da Activision Blizzard,
Nós te ouvimos e queremos declarar abertamente nossa solidariedade com vocês. Na última semana, a indústria de games foi novamente abalada por revelações que há muito tempo são sabidas por muitos de nós. Revelações que há um ano atrás muitos ouviam sobre a Ubisoft. Fica claro, pela frequência desses relatórios, que há uma cultura abrangente e profundamente arraigada de comportamento abusivo dentro da indústria. Isso não deveria ser surpresa para ninguém: funcionários, executivos, jornalistas ou fãs, que estes atos abomináveis estão acontecendo. É hora de parar de se chocar. Devemos exigir medidas reais para preveni-los. Os responsáveis devem responder por suas ações”.
“Nós acreditamos em vocês, estamos ao seu lado e os apoiamos.”
Depois dessa mensagem de apoio, a carta se volta para a gerência da Ubisoft, criticando a inação da empresa em fazer mudanças após as já citadas denúncias da cultura tóxica dentro da publisher francesa. “Nós, os signatários, estamos fartos. Já faz mais de um ano desde que as primeiras revelações de discriminação, assédio e bullying sistêmicos dentro da Ubisoft. Na época, vocês agiram surpresos ao ouvir que estes atos aconteciam na sua própria companhia, e demos o benefício da dúvida. Entretanto, não vimos nada além de um ano de palavras gentis, promessas vazias e uma inabilidade ou incapacidade de remover agressores conhecidos. Não confiamos mais em seu compromisso para resolver o cerne destas questões. Vocês precisam fazer mais”.
A carta pede por ações decisivas e agressivas contra não só as pessoas responsáveis pelo assédio, como a própria base cultural que levou a este ponto. “Isso não é sobre questões de processo, grupos-alvos, gerência de relações públicas ou educação”, continua a mensagem. “Isso é sobre as vidas das pessoas, sua saúde física e mental. Ao escolher lucro em favor de nossa segurança vocês estão literalmente brincando com nossas vidas. Não deveríamos escolher entre trabalho e nosso bem-estar”.
“Ficamos parados e olhando enquanto vocês demitiam os agressores mais públicos. Vocês deixaram o resto ou se demitir ou pior, os promoveram, os moveram de estúdio para estúdio, equipe em equipe, dando chance após chance sem nenhuma repercussão. Esse ciclo precisa acabar. Nós, os funcionários coletivos da Ubisoft, exigimos um lugar à mesa em termos de decidir como seguir em frente a partir daqui. Os responsáveis devem ser removidos da companhia, assim como os que foram cúmplices e os deliberadamente ignorantes pelas ações de outros. Quanto à gerência, é seu papel notar que esses atos estão acontecendo e reagir a isso. Ignorância não é uma desculpa, não para a lei e certamente aos olhos de seus empregados”.
“Precisamos de mudanças reais e fundamentais, dentro da Ubisoft, dentro da Activision Blizzard, e por toda a indústria”, termina a mensagem para a gerência.
Essa carta termina propondo que a Ubisoft, Activision Blizzard e mais publishers e desenvolvedoras se reúnem para criar novos parâmetros e regras para reportar e reagir a denúncias de assédio e abuso no ambiente de trabalho. “Esta colaboração deve envolver significativamente empregados fora da gerência e representantes de sindicatos”, declara. “Isso é essencial para garantir que aqueles que foram afetados diretamente por esses comportamentos liderem os avanços.”
Ubisoft reagiu à carta publicando sua própria mensagem, declarando que avanços foram feitos, mas sem especificar novas ações para as reformas internas da companhia. “No último ano, nos comprometemos a nos engajar com nossos funcionários e fazer mudanças fundamentais”, diz a resposta. “Muitas dessas mudanças foram guiadas por feedback interno e insights compartilhados por nossos times e somos gratos por sua comunicação contínua”.
“A Ubisoft fez mudanças significativas e importantes que buscam criar um lugar de trabalho seguro e inclusivo para todos, e ainda há mais trabalho a ser feito. Nos orgulhamos por estes esforços e impacto positivo que eles tiveram na cultura de nossa companhia, enquanto também reconhecemos que devemos continuar a conversar com nossos empregados para garantir que estamos criando um ambiente de trabalho onde se sintam valorizados, apoiados e, mais importante, seguros”.
Reportagem recente do Kotaku sobre a estrutura disfuncional da Ubisoft Singapore, estúdio de Skull & Bones, revela que o antigo gerente do estúdio, Hugues Ricour, foi remanejado para uma divisão na sede da companhia após ser denunciado por criar um ambiente de trabalho tóxico e assediar funcionárias durante festas da empresa.
Com informações do The Enemy.
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