Os recentes ataques do Estado de Israel contra a Palestina na Faixa de Gaza dominaram o noticiário internacional e, surpreendentemente, chegaram à mídia de videogames. Só que chegaram de uma maneira controversa.
São mais de 200 mortes confirmadas, de acordo com a imprensa internacional. O pico do conflito foi a destruição de um prédio que era a redação das agências Al Jazeera e da Associated Press. O local foi derrubado por foguetes israelenses.
O premiê Benjamin Netanyahu justificou o ataque afirmando que se tratava de um local ocupado também pelo grupo Hamas. As agências cobram investigações sobre o caso e há confirmação da morte de crianças.
Como isso chegou na mídia de games?
O caso está sendo denunciado pelo desenvolvedor de games independente Rami Ismail e envolve os maiores portais e publicações de videogames da indústria. O IGN internacional publicou um texto pedindo apoio às crianças palestinas afetadas pelos ataques.
A subsidiária de Israel do IGN mostrou insatisfação com essa manifestação em um comunicado oficial.
Sendo o IGN considerado um dos maiores portais de games do mundo, foi curioso observar que a revista GameInformer, a maior publicação impressa do setor, também publicou um posicionamento nesse sentido. E, em ambos os casos, o posicionamento político de jornais segmentados esbarraram em barreiras corporativas e comerciais.
As publicações surgiram em 14 de maio. Dois dias depois, elas foram retiradas do ar e isso foi reportado pelo Kotaku. IGN e GameInformer voltaram atrás nos posicionamentos.
No dia 17 de maio, um posicionamento sem assinatura ou autor foi publicado pelo IGN, em inglês, na linha que foi um “erro” apoiar apenas um “lado do conflito”, ignorando o fato que crianças morreram nos ataques de foguetes de Israel. Acredita-se que o posicionamento pode ter partido da Ziff Davis, a dona da marca em sua sede nos Estados Unidos.
Por fim, o jornalista Stephen Totilo, ex-editor-chefe do Kotaku, publicou que 60 funcionários do IGN fazem pressão em uma carta aberta pela republicação do post de apoio à Palestina e aos mortos nos recentes ataques.
Além da autocensura das duas publicações, os sites Gamespot e Kotaku manifestaram apoio à causa Palestina e às vítimas, sem retroceder nos posicionamentos políticos e jornalísticos de seus comunicados oficiais.
É importante notar, dentro dessa controvérsia, que o Oriente Médio é um mercado emergente interessante para a indústria.
No entanto, a existência desses conflitos e do assassinato de civis por interesses geopolíticos chamou a atenção inclusive da mídia especializada em videogames. Curioso notar que, por um lado, jornalistas buscam manter a coerência da imprensa ao se colocarem contra mortes arbitrárias.
Para os patrocinadores e para a estrutura empresarial dessas marcas, no entanto, esse tipo de integridade aparentemente não importa tanto assim.
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