Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos, com reportagem da China.
Entre os dias 19 de agosto e primeiro de setembro, eu estive em uma viagem até a China pelo site Diário do Centro do Mundo, o DCM. Passei pelas cidades de Pequim (Beijing, a capital), Wuhan (a primeira cidade a ter a pandemia da Covid-19), Chengdu e Mianyang, além da Vila Qiang, nas montanhas, um povoado que não fala mandarim é chamado de “povo dos céus”. O game Black Myth: Wukong, da chinesa Game Science, me chamou atenção e foi lançado no próprio dia 19.
O jogo é uma espécie de soulslike sem uma história óbvia. E já um fenômeno do mercado de games mundial. Sua história é uma reinterpretação do conto chinês Jornada ao Oeste, abordando o guerreiro Sun Wukong. Conhecido como o Rei Macaco, ele nasceu em uma rocha mágica no topo do Monte Huagou e, ainda jovem, já conseguia andar e falar.
O título já alcançou a marca de 18 milhões de unidades vendidas em todo o planeta e é o jogo que atingiu este patamar mais rápido de toda a indústria, de acordo com notícias da imprensa. Para a Bloomberg, Daniel Wu da Hero Games (maior acionista da Game Science, desenvolvedora do jogo) também confirmou que uma expansão está em desenvolvimento.
Uma DLC pode fazer o título chegar em 30 milhões de unidades vendidas durante o seu ciclo no mercado. Seria um feito impressionante, levando em consideração que é uma franquia nova e que foi um dos primeiros games da China a alcançar um sucesso desse montante.
Wukong fez a venda de PlayStation 5 disparar em vendas na China, impulsionando até a japonesa Sony em seu território. No Steam chegou em mais de 37,2 milhões de usuários simultâneos, recorde para a plataforma da Valve. Um estudo divulgado pelo VG Insight também revelou que Black Myth: Wukong faturou US$852 milhões com as unidades vendidas apenas no Steam, quase alcançando US$1 bilhão.
Segundo o Instituto Sociocultural Brasil China, Wukong estimulou o turismo chinês devido aos cenários baseados em ambientes reais. A produção da empresa chinesa Game Science reconstruiu digitalmente 36 sítios arquitetônicos antigos. Destes, 27 estão localizados na província de Shanxi, norte da China. Autoridades já admitem que o sucesso do game está gerando um aumento no turismo de Shanxi.
O que eu vi na China?
O IGN Brasil noticiou e eu vi enquanto estive viajando por lá: Empresas chinesas deram folgas remuneradas para que as pessoas jogassem Wukong em casa, aumentando ainda mais o sucesso do game no lançamento. Como a iniciativa privada e o Estado comunista da China se misturam, desconfia-se que o próprio governo tenha estimulado esse softpower.
Em visita à emissora CGTN, estatal, uma espécie de “CNN da China”, Wukong ocupava destaque no noticiário nacional e internacional como um produto de sucesso. Essa mesma emissora tem um laboratório de novas tecnologias, em que explora games, realidade virtual, realidade aumentada e desenvolvimento de hardware.
Já na SICC, conglomerado de mídia de Sichuan de Chengdu, focado em Geração Z e redes sociais, eles chegaram a investir em streamers chineses para impulsionar a repercussão do game, além de noticiá-lo em todo território chinês.
No Steam, o jogo tem mais de 555 mil reviews positivos. Fenômeno.
Veja nossa campanha de financiamento coletivo, nosso crowdfunding.
Conheça os canais do Drops de Jogos no YouTube, no Facebook, na Twitch, no TikTok e no Instagram.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.