Primeiras impressões do jogo brasileiro Star Valor. Por Renato Degiovani

Um jogo que precisa ser conhecido

Postado originalmente no perfil de Facebook do autor

Resolvi fazer um texto “primeiras impressões” deste jogo por alguns motivos: 1- nunca tinha ouvido falar dele; 2- não conheço o autor; 3- apesar de já não ter mais interesse por jogos de ação/reflexo, ainda me atrai muito o tema espaço/desbravando novas fronteiras e audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve. Sem contar que foi pelo Indie BR em 5, do Drops de Jogos que fiquei conhecendo o game. Se ele realmente for bom, como eu torço para que seja, já poderei riscar esse tipo de jogo da lista de jogos que um dia ainda farei, se sobrar tempo.

Porém quero oferecer aos amigos não uma visão definitiva sobre o jogo em si mesmo, mas considerações sobre o conjunto todo do produto. Sempre lembrando que fazer um jogo é apenas uma das etapas e nem é a mais importante delas, quando o objetivo é ter retorno financeiro.

Como eu disse, tenho interesse (e apreço) por este tipo de jogo, então a decisão de tirar a poeira do cartão de crédito não foi tão difícil assim. O preço (13 reais e uns trocados na Steam – na Nuuvem custa o dobro) ajudou bastante na decisão. Mas aqui entra a minha crítica ao conjunto da obra: a loja Steam é tudo de bom, beleza pura, o céu dos devs do planeta todo mas para quem a usa eventualmente (como eu por exemplo) pode ser enervante. Explico melhor – compra por impulso funciona assim: você vê um produto, dá aquele estalo “eu quero” e ai o vendedor tem que fazer tudo que estiver ao seu alcance para não “melar” a compra. Se complicar, ainda que um pouquinho, perde o freguês e a Steam pode ser bem chatinha nesse ponto.

Sei que quem é usuário hard dela vai dizer “ah, pô, burrice sua” mas eu digo: a grande maioria do público consumidor, em especial no BR, sequer conhece a Steam e não se dará ao trabalho de passar por todos os procedimentos de registro só por causa de um jogo. Então, faz falta aqui um mecanismo do tipo “um clique, uma compra”. Mais divulgaçãp também ajudaria.

Vencendo essa etapa, as coisas entram no automático (ainda que eu ficasse irritado pelo jogo não ter aparecido, logo após a confirmação do pagamento, na minha biblioteca). Mas vamos lá, preciso conferir se o jogo é realmente como eu estou pensando que ele seja, ou melhor, como eu achei que ele seria por conta do vídeo do Drops…

Obviamente que só cheguei até aqui porque havia indicação de versão em PT-BR, caso contrário nem perderia meu tempo. Aliás, devo ter passado inúmeras vezes por esse jogo e nada nele me despertou a atenção para uma olhada mais rigorosa. Fica a dica.

Primeiro susto: o letreiro de apresentação é Star Wars na veia. Avança ao infinito em perspectiva. Não acho isso errado e nem tiro valor da referência e/ou homenagem mas sinceramente não precisava. Um letreiro subindo em scroll normal faria o mesmo efeito e não daria aquela franzida na testa, hmmm….

Ai entra o apresentador: Sam Holo. Sou fã de Star Wars também mas não precisamos exagerar, né? Se não é uma paródia, das duas uma: ou usa o nome correto (e arca com as consequências) ou usa um nome genérico. Um Sam Holo nesta altura do campeonato não vai ajudar em absolutamente nada e pior, vai atrair a ira dos haters de plantão, só pelo prazer de ser hater.

Vencidos esses primeiros momentos impactantes, o jogo começa bem, dando oportunidade ao jogador noob de ir aprendendo os macetes mais importantes. Ele tem uma “atitude” mais voltada para um estilo onde a narrativa irá certamente assumir uma importância crucial e eu particularmente gosto muito disso. Só discordo um pouco da mecânica de movimento e controle da nave, embora ela seja simples e fácil de aprender.

Já deu pra perceber que o jogo tem todas as referências clássicas do espaço, como portais, estações, naves inimigas, etc. Eu sei que vou gostar e torço para que as referências exageradas ao universo SW tenham ficado apenas nos primeiros momentos e que o jogo assuma de fato o potencial que ele parece ter. Pelo pouco que vi e pelo que ele promete, vale os 13 reais que gastei.

Só uma última observação, afinal uma vez dev, dev para sempre: o steamspy aponta que, após 2 anos na loja e com versões para um monte de idiomas, o jogo ainda não atingiu 20k owners. Nesse tipo de arredondamento do steamspy, eu tomo como certo, para o bem ou para o mal, pelo menos a metade. O que daria, acredito eu e levando em conta um valor líquido na casa dos 10 reais, que o jogo possa ter rendido pelo menos uns 100k ao autor, o que por si só já seria um feito e tanto, merecedor de todos os elogios possíveis.

Talvez por isso mesmo que não haja muito interesse em divulgar o jogo em terras inhambiquaras (o que não seria de todo uma visão errada).

Link na Steam:
https://store.steampowered.com/app/833360/Star_Valor/

Link no Drops de Jogos:
https://dropsdejogos.uai.com.br/…/indie-br-em-5-72-e-com-st…

Renato Degiovani é o primeiro game designer de jogos digitais, desde 1981. É colunista do site Drops de Jogos no espaço DEV.LOG, com textos regulares sobre sua experiência de décadas. Foi o desenvolvedor do jogo Amazônia, é conhecido na comunidade nacional do aparelho MSX, editou a revista Micro Sistemas e é responsável pelo espaço TILT Online.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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