Por Pedro Zambarda, editor-chefe.
Eu sei. É uma vergonha. Mas publiquei neste site notas e mais notas sobre o filme Ainda Estou Aqui, do diretor Walter Salles, das atuações impecáveis de Selton Mello e Fernanda Torres, e nem sequer me dignei a ir ver o filme. Contribui o fato de eu estar morando no interior de São Paulo e aqui não ter uma sala de cinema? Contribui.
Mas não é desculpa para nada. Preciso arrumar um tempo, uma passagem de ônibus e tirar esse atraso.
No entanto, num dos almoços de final de semana, comentava com amigos a importância do agenda setting de resenhas e de reviews nos cadernos de cultura. É óbvio que existe muito lixo publicado em formato resenhístico, mas as opiniões e as análises contribuíram para que a história esquecida de Rubens Paiva e dos desaparecidos da ditadura militar ganhassem status na política progressista e até na cultura pop.
Há algumas horas entrevistei para a Folha Democrata a jornalista Juliana Dal Piva, do ICL Notícias. Ela está lançando um livro chamado Crime Sem Castigo: Como os militares mataram Rubens Paiva. O manuscrito é baseado nos estudos acadêmicos de Juliana. Esse trabalho, do começo dos anos 2010 retomado em 2025, foi a entrada dela no jornalismo.
Juliana se sentia frustrada pelo estudo ter se perdido nos anos de Jair Bolsonaro. Ainda Estou Aqui, o filme com três indicações ao Oscar, ressuscitou a entrada de Juliana Dal Piva no jornalismo, pressionou o governo Lula a falar de um assunto que estava vetado em sua relação com militares e tornou um conteúdo traumático na história do Brasil novamente palatável para jovens e para a próxima geração.
Preciso ir logo ver Ainda Estou Aqui e não ficar apenas na torcida pelo Oscar.
Fernanda Torres com a estatueta do Globo de Ouro 2025 – Foto: Robyn Beck / AFP/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.