O texto foi publicado originalmente em 28 de dezembro de 2017. Republicamos por conta do Dia Internacional das Mulheres em 2021.
Esta resenha demorou muito para sair, considerando que o game saiu originalmente no dia 28 de fevereiro de 2017. Mesmo assim, o tempo permite ter uma noção mais madura sobre um game que se tornou o rosto da Sony em 2017, o que não é pouca coisa.
Horizon Zero Dawn não tem o mundo aberto mais impressionante do ano, mas certamente sem os gráficos mais bonitos para um cenário neste período de tempo. Os detalhes da neve caindo, a chuva intermitente, a escuridão e a luz se mesclam com robôs que dezenas de vezes maior do que a personagem principal com pontos fracos levemente coloridos para serem acertados. As máquinas também são muito coloridas e com design ousado. Elas de fato se locomovem de maneira similar a dinossauros e animais jurássicos, assim como a herói Aloy entra no universo de um planeta Terra retomado por tribos indígenas.
Você pode conferir algumas de nossas impressões em diferentes vídeos de gameplay no YouTube.
O game é um dos principais destaques do ano e um dos títulos que melhor aproveita os recursos do PlayStation 4 diante de consoles concorrentes da oitava geração dos consoles. E muito do bom funcionamento do jogo é o carisma da protagonista, o universo que instiga mistério e a atualidade de sua mensagem.
Integralmente, Horizon não é o que podemos chamar de “game feminista”, mas ele traz aspectos de protagonismo de mulheres muito importante para toda a indústria de jogos. Aloy é parte de uma tribo chamado Nora, que á matriarcal e venera “A Deusa”, mas é criada por um exilado chamado Rost. O jogador é imediatamente atirado nos questionamentos da heroína: Quem são seus pais? Por que ela foi banida da tribo? As perguntas são a chave para entender o universo ao redor.
Sem falar tudo no começo, o game explica que o universo de Horizon Zero Dawn é a nossa Terra, provavelmente envolvendo Estados Unidos e Canadá. O que aconteceu? A humanidade evoluiu tanto que as máquinas quase provocaram sua extinção. O resultado foi o retorno do meio ambiente e o domínio dos monstros gigantes. As cidades desapareceram, a humanidade regrediu para tribos e voltou a venerar diferentes religiões para tentar explicar os acontecimentos trágicos que a afetaram.
Sem dar maiores spoilers, os aspectos feministas de Aloy mostram o papel das mulheres naquela sociedade e o game também abordar como a dominação ambiciosa dos homens provocaram danos graves ao planeta.
Num tom ecológico, o jogo traz mensagens muito atuais. Especialmente se você considerar a onda de xenofobia e preconceito no mundo, fora a eleição de Donald Trump. A presença de um deputado preconceituoso como Jair Bolsonaro no Brasil também é um quadro complexo no nosso país, especialmente exaltando guerras e uma visão predatória de humanidade.
Quem brilha em Horizon Zero Dawn é sem dúvida a Guerrilla Games, um estúdio holandês de 270 funcionários criado em 2000 que havia dado origem à franquia Killzone. Muito diferente do jogo de tiro, a empresa desenvolve uma narrativa sensível e de alta performance, especialmente considerando sua engine gráfica própria chamada Decima. O refinamento do game vem da parceria sólida com a Sony, que impôs a exclusividade ao PS4 mas aumentou o alcance do título.
Mas outro grande destaque é o trabalho do estúdio Kokku do dev Thiago di Freitas. Empresa de Recife, ela foi responsável pelo desenvolvimento dos robôs dentro do título e a informação foi revelada durante a GDC 2017. Di Freitas falou com exclusividade ao Drops de Jogos sobre a criação dos mechas e como o trabalho deles posicionou ainda mais o Brasil no radar internacional, mesmo com a crise econômica.
Portanto, apesar de Horizon ter sido criado por holandeses com apoio de um gigante holandês, não é um equívoco afirmar que este game tem o nosso DNA brasileiro.
Num artigo na rede social Storia Brasil, o Drops de Jogos pontuou que Horizon Zero Dawn não recebeu tanto reconhecimento no The Game Awards (TGA), maior premiação do setor. Ele foi indicado para as categorias Jogo do Ano, Melhor Direção de Jogo, Melhor Narrativa, Melhor Direção de Arte, Melhor Atuação, além de Melhor Game de Ação e Aventura. Não ganhou nenhuma, mas foi reconhecido como exclusivo de PlayStation 4.
Com tanta representatividade feminina e um enredo tão rico, Horizon recebeu menos premiações do que Hellblade: Senua’s Sacrifice. No entanto, os dois títulos mostram que 2017 foi um ano fora da curva. O ano foi extremamente inclusivo para os videogames.
No dia 7 de novembro, o DLC Frozen Wilds chegou ao mercado junto com a versão jogo do ano de Horizon Zero Dawn. A expansão aumenta mapas no norte, instigando o player a procurar três personagens pelo cenário e aumentando a participação da tribo Banuk.
O enredo não funciona como uma extensão da aventura de Aloy, mas como um aumento do meio do game. O nível de dificuldade é mais elevado do que a média do game. Ele funciona bem, mas não inspira tanto quanto os DLCs de The Witcher 3: Wild Hunt.
Tive o privilégio de jogar mais Horizon Zero Dawn do que The Legend of Zelda: Breath of the Wild ou Super Mario Odyssey. Embora saiba que os títulos da Nintendo possuem um potencial comercial muito maior, fico feliz de observar que a Sony está apostando em novos títulos e que a aventura de Aloy, assim como a de Kratos em God of War, já está imortalizada no mundo dos videogames.
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