Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos.
Uma máxima sempre existiu na indústria de videogames. Adaptações audiovisuais são “ruins”, alteram demais a história original ou não conseguem explorar o universo que é mostrado nos jogos. Não é o caso da série The Last of Us, lançada ontem pela HBO, com roteiro de Craig Mazin (de Chernobyl) e do próprio desenvolvedor Neil Druckmann.
Baseado no game criado em 2013, que Druckmann desenvolveu após Uncharted (isso está bem documentado no livro Sangue, Suor e Pixels, de Jason Schreier), a série se dedica a copiar, no bom sentido, o game quadro a quadro. Há as tomadas de campo aberto de uma Boston nos EUA destruída. E há uma preocupação em explicar para quem não sabe nada sobre o videogame como aquela história de zumbis se difere das demais.
A série abre com um programa de televisão da emissora ABC nos anos 1960 explicando a diferença de uma pandemia de vírus de uma infecção por fungo. Isso não fica explícito nesse primeiro episódio, mas é a explicação fundamental dos clickers e das monstruosidades que tomam os Estados Unidos.
Após a introdução, os showrunners acertam muito ao colocar a atriz negra Nico Parker para interpretar Sarah, a filha de Joel Miller que encontrará um triste destino em 2003. A escolha de Nico coloca o núcleo familiar de Joel e seu irmão Tommy em um círculo de imigrantes negros e latinos. Quando o apocalipse zumbi ocorre, eles inclusive pensam em fugir de carro para o México.
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Com a escolha de Nico para Sarah, Bella Ramsey (que veio de Game of Thrones assim como Pedro Pascal, que interpreta Joel) encarna uma Ellie com personalidade própria e também com os vícios de sua versão digital. A união dela, em 2023, com o homem quer sofreu uma perda na busca pela solução da contaminação do país repete, quadro a quadro, o videogame.
É difícil resenhar a série The Last of Us sem cair em spoilers. Este texto, ainda bem, está sem nenhum deles. Descrevo o que é necessário para que você não fique completamente desinformado.
O que falta é você assinar o serviço de streaming (se não assistiu de graça ontem) e ver com seus próprios olhos essa produção que tem tudo para se tornar uma obra-prima.
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