Fallout e o pós-pandemia. Uma resenha. Por Pedro Zambarda - Drops de Jogos

Fallout e o pós-pandemia. Uma resenha. Por Pedro Zambarda

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Fallout. Foto: Divulgação

Fallout. Foto: Divulgação

Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos.

Você não precisa ter jogado nenhum dos games da franquia Fallout para ver sua série na Amazon Prime Video, lançada em 10 de abril de 2024. Com oito episódios, começando pelo Fim e acabando no Começo, a produção vai na linha de produções como o filme de Super Mario e traz a fidelidade dos jogos digitais e uma reimaginação da marca.

E o fim de mundo atompunk de Fallout tem tudo a ver com o mundo em que vivemos. Passamos dois, três anos isolados em casa combatendo o novo coronavírus. No Brasil, pelo menos 700 mil pessoas morreram e mais de um milhão se considerarmos as doenças correlatas. E enfrentamos presidentes negacionistas no mundo real.

Na série, é uma guerra nuclear organizada por empresas, por baixo dos panos de países como Estados Unidos, China e União Soviética, que trazem o isolamento dos Vaults. O enredo se passa 229 anos após a guerra e a história se divide em três personagens principais: Lucy MacLean, jovem moradora do Vault 33 e interpretada por Ella Purnell (Yellowjackets); Maximus, um escudeiro da Irmandade do Aço, interpretado por Aaron Moten; e Cooper Howard, um ator de Hollywood que sobreviveu por mais de 200 anos como um Ghoul, um ser mutante que agora é um caçador de recompensas, interpretado por Walter Goggins (Justified).

Uma série sobre fim de mundo nuclear não é novidade, mas a trajetória de Lucy, do isolamento em um mundo onde ela era protegida até a superfície da Terra que tem canibalismo e pessoas amputadas é um pouco do nosso mundo. Convivemos numa profunda crise após algo que não voltará a ser como antes.

As ideologias em Fallout

A Irmandade de Aço, que chegou a inspirar um game separado, são messiânicos e quase medievais, obedecendo a uma hierarquia que obedece quase a uma religião e uma educação estritamente militar. As comunidades americanas também se organizam em uma democracia debilitada e até uma oligarquia tocada pelas empresas que desenvolveram os abrigos nucleares e provocaram a guerra que exterminou parte da humanidade.

Num mundo em crise, o capitalismo perde ainda mais sentido como sistema e a socialização de recursos não é uma ideologia por si só, mas uma condição de sobrevivência. E os abismos sociais criam uma casta aristocrática que não quer se responsabilizar pelos seus semelhantes. Enquanto isso, os ghouls, mutados pela radiação, são excluídos da sociedade, mostrando que a humanidade que inclui as pessoas negras não deixa de ser, necessariamente, racista.

A ambientação dessa história steampunk também lembra clássicos western e chamam atenção pela ironia. Como se manter positivo num mundo que já acabou e que segue acabando?

Todd Howard e a Bethesda já afirmaram que a série é canônica e acontece após os games. Mas você pode assisti-la sem apreciar os jogos, porque é uma história fechada.

E, se gostar, manda ver nos games.

Fallout. Foto: Divulgação

Fallout. Foto: Divulgação

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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