O jogo cubano Saviorless é sobre não ceder à ditadura de uma única narrativa. Por Pedro Zambarda - Drops de Jogos

O jogo cubano Saviorless é sobre não ceder à ditadura de uma única narrativa. Por Pedro Zambarda

Cuba produziu um grande jogo e pode trazer muitos outros

As luzes de Saviorless. Foto: Divulgação/Steam/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

As luzes de Saviorless. Foto: Divulgação/Steam/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

Por Pedro Zambarda, editor-chefe.

Embora não seja grandioso como Gris, o jogo cubano Saviorless traz a experiência 2D contemplativa de um mundo que parece estar em eterna decadência, embora o personagem que você controla não seja de confiança. Na verdade, você não consegue confiar nele por outras razões. O Drops de Jogos entrevistou os devs antes de apreciar o game.

As luzes de Saviorless. Foto: Divulgação/Steam/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

As luzes de Saviorless. Foto: Divulgação/Steam/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

Antes de entender o seu primeiro protagonista, é necessário saber quem conta a história. Quem conta são os narradores narradores Len, Arimbo e Tobias. Tobias é um misto e pai e avô dos outros dois, que são mais jovens. E ele estabelece uma série de regras para a história.

Regras que soam como uma ditadura.

O delicado Antar destoa do outro protagonista. Foto: Divulgação/Steam/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

O delicado Antar destoa do outro protagonista. Foto: Divulgação/Steam/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

O risco do discurso único

Os três contam a história de Antar, um rapaz sem habilidades que quer perseguir a Grande Garça, uma ave da esperança, que está indo para as Ilhas Sorridentes e se tornar um Salvador, um Salvador de uma terra que parece não ter salvação. A história que Tobias tenta empurrar com Antar é que os demais narradores não podem sair do riscado.

Mas eles fogem do riscado. E Antar começa a frequentar espaços distorcidos dessa narrativa que é contada. E é assim que surge o segundo protagonista: Um humanoide animalesco chamado Nento.

Nento é o anti-Antar: Ele é violento, ofensivo e mata seus adversários de maneira sangrenta, ao contrário do jovem sem habilidades que tem sempre que fugir. E a dualidade de dois protagonistas opostos quebra o risco do discurso único.

A gameplay em si

Os combates em Saviorless são sim sangrentos. Fugir dos inimigos também pode ser. Foto: Divulgação/Steam/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

Os combates em Saviorless são sim sangrentos. Fugir dos inimigos também pode ser. Foto: Divulgação/Steam/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

Saviorless é um misto de um jogo de plataforma 2D tradicional, que exige habilidades para eventualmente matar monstros ou para fugir deles, dependendo de quem você controla. E ele desenvolve puzzles razoavelmente sofisticados, que fazem o jogador pensar em como avançar no cenário.

Seja destravando portas, acionando luzes que vão queimar os monstros, quando você não consegue destrui-los, ou mesmo como passar uma sequência de plataformas que vão se destruir em um universo que está ruindo.

Os desenvolvedores não escondem que Saviorless foi uma oportunidade para sair de Cuba, conhecer o mundo e ir além do regime autoritário de esquerda da ilha, mas a narrativa também questiona a religião e a esperança em um salvador que temos nas religiões cristãs bem presentes na América Central e até mesmo na América Latina.

Saviorless é uma amostra do quão profunda pode ser uma cena de desenvolvimento de jogos cubana que merece ser conhecida para além das suas fronteiras, independente do que você acha da ilha ou mesmo da narrativa única.

O negócio é puzzle. Foto: Divulgação/Steam/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

O negócio é puzzle. Foto: Divulgação/Steam/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

Notas

  • Gráficos: 10
  • Jogabilidade: 8
  • Som: 8
  • Replay: 9,5
  • Nota final: 8,87

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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