Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos.
Não é novidade para ninguém que o que eu escrevi sobre o BIG Festival 2022 irritou muita gente. Especialmente a organização. Critiquei a queda do “Indie” do nome, replicamos uma palestra anti-blockchain, que irritou um dos principais patrocinadores do evento, que não foi transmitida. Anteriormente, divulgamos a carta aberta de desenvolvedores criticando o evento.
A edição de 2022 teve problemas. Mas, ainda assim, é um bom evento. Seus organizadores e apoiadores afirmam que o festival está focado em levar jogos brasileiros para o exterior, em uma articulação que envolve a ABRAGAMES e a Apex. Por isso caiu o Indie do festival e subiu o International.
A estratégia não está errada em seu cerne, mas criou uma falta de propósito para o próprio evento, como o excesso de menções ao patrocinador Ripio, para manter as contas do evento expondo blockchain (e NFT), e a presença de Shuhei Yoshida, da PlayStation Indies, que circulou pelo evento e tirou fotos com os presentes.
Para não me alongar nas análises, vamos separar pontos positivos e negativos do BIG 2022.
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Pontos positivos
- Oito jogos brasileiros premiados no festival, incluindo No Place for Bravery (ainda não lançado), Irmão do Jorel e o Jogo Mais Importante da Galáxia e Dodgeball Academia, mostrando que a feira não perdeu sua essência indie e com a cena brasileira de jogos digitais;
- Presença adequada da Xbox, PlayStation e Nintendo. Xbox inclusive presente no evento de forma focada aos indies. Na casca, parece intervenções como uma Brasil Game Show (BGS), mas a ideia é financiar e apoiar o BIG Festival como existem esses apoios na GDC – e colocar o BIG no calendário internacional;
- Marcas não-endêmicas com presença interessante no evento. Ou seja, marcas que não são de games mostrando apoio a um evento indie, como Bis, Fini e outras – o que mostra o potencial comercial do evento mesmo com esse traço indie forte;
- Setor business movimentado. Segundo relatos em off que essa reportagem teve acesso, foi o melhor ano para muitos estúdios que buscavam apoios internacionais e trabalhos de outsourcing (fazer games para outros países). Com o dólar baixo em governo Bolsonaro, surgem oportunidades internacionais que foram bem preparadas pelo evento;
- Distribuição generosa de estandes dentro do evento, com os jogos indicados e premiados próximos da entrada e dos auditórios. Jogos brasileiros do panorama nacional estavam em ordem alfabética.
Pontos negativos
- A reportagem do Drops de Jogos aguarda os dados oficiais. E desconfia de números inflados. A percepção dentro do evento, no entanto, é realista: Não encheu. R$ 40 de entrada pesa no bolso. A impressão que se teve é que foi mais ou menos o mesmo público do Club Homs. O evento não cresceu;
- Tirar “Indie” da sigla do evento deixou sua identificação sem sentido;
- Os estandes de NFT, blockchain e criptomoedas não tiveram apelo. Não encheram e não chamaram atenção. Chamou mais atenção a Magalu Games, fomentando premiações de até R$ 20 mil para desenvolvedores do que temas muito distintos. Esse apelo também passou distante dos influenciadores digitais. A presença do Gaules na feira, parceiro do Omelete, encheu bem mais.
O BIG tem desafios adiante. Sobretudo de identidade. Será um evento de indies ou não será.
Entrevistamos no evento: Rodrigo Terra (presidente da ABRAGAMES), Leo (do estúdio do Chipre Critical Reflex), Amanda AMD (ex-pro-player de CSGO), Ana Xisdê (apresentadora) e Paulo Caxa (influenciador TikToker e desenvolvedor de games).
Veja.
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