A ministra do Esporte do governo Lula, Ana Moser, considera que esportes eletrônicos nos videogames [eSports] não são esportes e, por isso, não investirá neste segmento. A ex-jogadora de vôlei comparou o treino de atletas de eSports ao da cantora Ivete Sangalo e declarou que os esportes eletrônicos fazem parte da indústria do entretenimento como música.
“A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então, você se diverte jogando videogame, você se divertiu. ‘Ah, mas o pessoal treina para fazer’. Treina, assim como o artista. Eu falei esses dias, assim como a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta da música. Ela é simplesmente uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível. Ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, ela não é aberta, como o esporte”, afirmou Ana Moser ao portal UOL.
Ana disse que não haverá investimento do Ministério do Esporte nos eSports e lembrou que a ONG “Atletas pelo Brasil” atuou para que a Lei Geral do Esporte, cuja proposta está em tramitação no Senado, não deixasse o conceito de esporte tão amplo a ponto de poder incluir eSports.
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A cartilha Lula Play, entregue ao presidente em agosto de 2022 e elaborada por um grupo de 30 profissionais do setor de jogos eletrônicos, diz o contrário. Não tem força de Projeto de Lei, mas é uma cartilha de princípios para pensar políticas públicas e foi divulgada na campanha de Lula para ser eleito em seu terceiro mandato.
Diz o texto, no eixo de Formação e Emprego:
“Reformular a formação profissional para a geração de empregos no setor: inclusão de games, tecnologia e inovação na matriz dos ensinos Fundamental e Médio, incentivos para a formação de atletas de eSports e carreiras correlatas, e revisão dos currículos dos cursos técnicos e de Ensino Superior em games”.
Na parte de Inclusão e Diversidade, a área dentro do setor de games volta a ser mencionada:
“Criar um comitê de ética e direitos humanos para monitorar, prevenir e denunciar casos de violência, assédio e discriminação de qualquer tipo dentro do eSports e da indústria de jogos”.
E o assunto também se soma no eixo de Educação:
“Desenvolver, no Ensino Superior, um sistema de bolsas para atletas de eSports e de profissionais de jogos eletrônicos, vinculadas com os Ministérios dos Esportes e da Educação, assim como de outras pastas governamentais”.
O tema de eSports é sujeito a discussões, pode não ser política pública necessariamente na área do ministério do Esporte, mas cada vez é reconhecido internacionalmente como uma modalidade esportiva. Você pode ler o documento, na íntegra, aqui.
Transparência: O Drops de Jogos assinou e ajudou a elaborar a cartilha Lula Play. Você pode saber mais detalhes aqui.
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Acho que precisamos, com quem é do ramo democrático, abrir um espaço de conversa com essa ministra, no mínimo cobrando maior comprometimento com a cartilha do Lula Play.
Já está na hora de começar a tratar jogos competitivos como coisa séria e não só como entretenimento.