José Mourinho deveria ser o próximo técnico da Seleção

Pela quarta vez desde o fim da Copa do Mundo de 2022, a Seleção Brasileira está em busca de um técnico. Após o vexame que foi a derrota por 4×1 para a Argentina semana passada, Dorival Jr. foi demitido do cargo (e o maior erro ali foi ter contratado ele em primeiro lugar).

De acordo com informações do repórter André Rizek, a CBF trabalha hoje com quatro possibilidades de nomes para assumir a Seleção Brasileira: Carlo Ancelotti, Jorge Jesus, Abel Ferreira e José Mourinho.

Segundo a apuração do jornalista, Ancelotti é o alvo dos sonhos, mas o mais difícil de se conseguir. Afinal, o técnico tem contrato com o Real Madrid até 2026, conta com apoio total da diretoria do clube espanhol e já recusou a Seleção Brasileira mais de uma vez.

O “mais provável” novo técnico seria Jorge Jesus. Ele já é um conhecido de Ednaldo (presidente da CBF) da época que comandou o Flamengo em 2019, já avisou que tem interesse em treinar a Seleção, e o contrato dele com o Al-Ahli encerra no fim de maio.

Mas eu acho que, nesse momento, a Seleção Brasileira precisa de um técnico especial. Por isso, eu defendo a contratação do “Special One”.

Porque Mourinho na Seleção

Vamos ser bem sinceros: Ancelotti na Seleção é um sonho que nunca vai acontecer enquanto ele estiver ganhando títulos e disputando finais de Champions ano sim, outro também no Real Madrid. O cara tem carta branca pra fazer o que quiser no time com a marca mais reconhecida no mundo, e um elenco renovado que pronto pra continuar ganhando títulos nos próximos 15 anos. Por que ele iria largar isso pra arrumar a casa da bagunça que é a Seleção Brasileira?

Do mesmo jeito, Jorge Jesus e Abel Ferreira são o tipo de aposta “segura” que não está dando certo. Sim, os dois técnicos são bem melhores que os brasileiros, mas isso diz mais sobre os BR do que sobre eles. Tanto que, mesmo treinando times que dominaram no campeonato nacional, fora daqui só receberam propostas pra treinar times árabes ou clubes de ligas menores da Europa.

E então temos Mourinho, que está sendo tratado como uma “quarta opção” mas que eu acredito que deveria ser a primeira.

Primeiro, ele é exatamente o estilo de técnico que a gente precisa: o que sabe colocar ordem na casa com pouco tempo de trabalho. E todos os últimos trabalhos dele mostram isso: tanto no Manchester United, na Roma ou no próprio Fenerbahce, ele sempre traz melhorias claras assim que chega nos clubes – o problema é no decorrer do trabalho, pois ele não já não tem mais o mesmo tino para manter os resultados num período prolongado.

Isso não será um problema com a Seleção: ele terá uma semana de contato com os atletas a cada dois ou três meses, e os trabalhos mais prolongados serão em momentos de Copas (do Mundo ou América), que ele terá pouco mais de um mês concentrados com os atletas. Então a própria natureza do trabalho com Seleção permite aproveitar aquilo que Mourinho ainda tem de diferente e minimizar o principal ponto fraco dele.

Outra coisa que Mourinho oferece é um pouco do sentimento de respeito de volta. A camisa da Seleção não gera mais aquele respeito que tinha até uns anos atrás, e ficar escolhendo sempre os mesmos técnicos medianos pra ruins porque tiveram um bom ano no Brasileirão não ajuda a recuperar a mística. Mourinho não é mais um técnico de ponta no cenário mundial, mas ainda está anos-luz a frente das outras opções.

Claro, Ancelotti também ajudaria nisso. Mas ele é um sonho impossível. Mourinho é uma realidade muito mais palpável.

E esse sentimento de respeito também é refletido nos jogadores. Hoje, a Seleção vive um dilema: a dependência de Neymar, um cara que é, ao mesmo tempo, o maior craque do time e praticamente um ex-jogador em atividade. Todos os quatro nomes citados podem comprar briga com o fato dele não querer treinar direito ou se preocupar mais em ser uma estrela das redes sociais do que um jogador profissional. Mas só Mourinho teria a coragem de levar essa briga pra imprensa e atacar Neymar abertamente caso ele não esteja sendo profissional.

E esse tipo de atitude normalmente é horrível quando falamos de manter um vestiário unido pro longas temporadas. Mas em tiros curtos, de jogos com pouco tempo de treinamento? Isso pode ser justamente o que a gente precisa pra começar de verdade um novo capítulo, com ou sem Neymar nele.

E, claro, tem a questão contratual: Mourinho também está empregado atualmente. Mas é bem provável que não por muito tempo: já existem sinais de que ele perdeu o controle do vestiário no Fenerbahce, o time está em segundo lugar com pouquíssimas chances de garantir o título turco, e o técnico recentemente agrediu o técnico do rival Galatasaray após a eliminação na Copa da Turquia.

OK, estamos falando da Turquia, e essa agressão pode fazer a torcida querer que a diretoria ofereça um contrato vitalício e erga uma estátua em homenagem a Mourinho. Mas a reação é típica de um fim de ciclo do treinador, e não seria surpresa nenhuma se ele for demitido nas próximas semanas.

Tirando a falta de criatividade da direção da CBF, eu não vejo nenhum motivo do porquê Mourinho não deveria ser o próximo técnico da Seleção Brasileira. Vai acontecer de verdade? Duvido. Mas se acontecer, pode ser a melhor coisa que a atual direção da CBF já fez em toda a sua vida.

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