A franquia Metal Gear Solid, de Hideo Kojima, infelizmente contribui para o machismo objetificando as mulheres. Inúmeros elementos dos jogos dessa série mostram que seu criador não constrói personagens femininas com o mesmo empenho que os masculinos. Em 9 de setembro de 2015, escrevi um texto elencando essas informações, o que despertou a ira dos fãs de Kojima. Por isso, vale a leitura.
No dia 29 de agosto, eu redigi um texto sobre como a saga Metal Gear Solid havia me ensinado que games são cultura e leitores corretamente disseram que era uma “carta de amor” à franquia.
Agora venho para expressar praticamente o oposto aos argumentos daquele texto, principalmente depois de jogar Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, o último com o criador da série, Hideo Kojima, no comando. E a mensagem que venho trazer não é nada animadora.
Um post feito pela jornalista, blogueira e ilustradora Alice Mattosinho, do Garotas Geeks, me tirou da inércia e me fez redigir este texto. A conclusão das sagas de Big Boss e Solid Snake só reforçaram a chegar em uma conclusão que é clara e explícita: Os games da série Metal Gear são machistas e transformam as personagens femininas em objetos do cenário à serviço dos homens.
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Hideo Kojima revolucionou a grande indústria dos videogames ao lançar Metal Gear Solid para o PlayStation em 1998, trazendo atores profissionais para interpretar personagens e transformando um enredo de espionagem em filme. Vendeu seis milhões de cópias e chegou até a fama e a fortuna. Isso todo mundo sabe, não é?
O que poucas pessoas se atentaram é que, logo no primeiro game em 3D de sua franquia, já se apresentavam os indícios do machismo que se apresentaria em sua série de jogos stealth. Meryl Silverburgh, a filha do coronel Roy Campbel, é apresentada fazendo abdominais só de regata e calcinha na cela em que está presa em Shadow Moses Island. Depois dela, a vilã Sniper Wolf é mostrada com um enorme descote, que é aberto mesmo no frio gélido do Alasca. As personagens femininas tem um forte apelo ao protagonista masculino Solid Snake, que ainda assim evita se apaixonar por alguma delas. Trata-se, portanto, de uma provocação fácil e sem muita utilidade no contexto geral do enredo.
Meryl tem uma afeição especial com Snake, mas seu sentimento só é explorado de verdade no momento em que o jogador literalmente só observa ela tomar tiros de Sniper Wolf, sem poder fazer nada. O esforço do game, com dois finais distintos, ainda coloca o gamer para salvar a donzela (Meryl), colaborando para um estereótipo machista que Kojima podia ter desconstruído. Ele só segue o padrão na indústria. Uma das poucas personagens femininas mais marcantes só aparece no rádio – a doutora Naomi Hunter.
No jogo seguinte, Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty (2001), o autor baixa o teor machista de seus games com personagens mais sofisticadas. Olga Gurlukovich é uma oficial russa com axilas peludas e que consegue se desenvolver como uma personagem independente e mãe responsável por sua filha. Por outro lado, embora tenha sentimentos mistos, Emma Emmerich surge no enredo se contrapondo ao nerd Otacon. Por fim, temos Fortune como uma terrorista badass, negra e imortal.
Apesar dos avanços em MGS2, novos retrocessos no retrato feminino ressurgem em Metal Gear Solid 3: Snake Eater (2004). A The Boss aparece como uma grande mulher em todo o enredo dos jogos de espionagem, mas encontra o seu exato oposto na sensual agente EVA, que apela para um generoso decote que chama atenção dos players masculinos. Embora a espiã com apelo sexy tenha sua autonomia, como a Rebecca Bebs do site Girls of War relatou neste texto, Hideo Kojima mais uma vez perdeu a oportunidade de retratar personagens femininas de uma forma realista e até mais respeitosa com suas biografias. Mesmo sendo altamente masculinizada, a Boss abre seu traje de batalha mostrando suas cicatrizes e parte dos seios para o protagonista Snake. O sentimento entre os dois é o mesmo de um filho com sua mãe, mas a mente de Kojima é bizarra o suficiente até para sensualizar e apelar em uma composição de cena deste naipe.
Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots (2008), além de apelar para vilões já conhecidos, traz a Beauty and the Beast Unit, um esquadrão de mulheres que imita os inimigos de Shadow Moses Island. A ideia seria legal se elas não utilizassem roupas coladas e só gritassem de dor. A história delas é reduzida em documentos dentro do jogo, sem nenhum desenvolvimento mais profundo de personalidade. O esquadrão seria uma interessante crítica aos traumatizados pelas guerras, se suas personagens tivessem mais conteúdo expresso ao longo do jogo.
Além de todos esses problemas, Metal Gear Solid: Peace Walker (2010), lançado originalmente para o portátil PSP, traz uma personagem que é problemática por si só: Paz Ortega. Embora ela tenha uma importância enorme na narrativa por ser uma serviçal de Cipher, o antagonista invisível de Big Boss, Paz é retratada como uma jovem colegial e chega a ter um encontro romântico com o protagonista. Aliás, isso é uma missão dentro do jogo. Date With Paz é um dos episódios mais sem sentido dentro de um jogo com missões operacionais e parece ser um apelo puro para mostrar a personagem apenas de calcinha e sutiã.
Não contente em apenas mostrá-la com suas roupas de baixo em um dos episódios do jogo, Paz Ortega ainda abandona as roupas para assumir o controle do robô Metal Gear ZEKE. Sério, que mulher entraria num armamento militar nuclear usando apenas sua lingerie?
O problema com Quiet em Metal Gear Solid V
Com todos esses antecedentes, existia uma esperança que Kojima fizesse diferente com a sniper Quiet em MGSV: The Phantom Pain. O desenvolvedor de games já fez um personagem masculino atraente com Raiden e já abordou homens gays com Volgin em Snake Eater. Desta vez, no entanto, ele ficou devendo.
Especulou-se que Quiet seria na verdade o rapaz Chico, que acompanhou Big Boss em Peace Walker e foi capturado no jogo-prólogo Ground Zeroes. Acontece que a mulher não é o menino, o que daria argumento para Hideo Kojima criar seu primeiro personagem trans, fora da confecção binária entre masculino e feminino na criação do enredo.
Quiet é uma espiã enviada por Cipher para assassinar Big Boss. O problema é que ela teve seu corpo carbonizado durante a tentativa de homicídio e passou a conviver com um parasita na recuperação dos tecidos. De acordo com a história do jogo, ela é obrigada a ficar com apenas um biquini durante toda a ação porque a sua pele “respira” e faz fotossíntese para manter o verme protegendo sua vida.
Hideo Kojima chegou a dizer que os críticos de Quiet iriam se “arrepender” por terem falado da objetificação dela. Não só estávamos certos, como a sniper acaba empobrecendo uma história que tinha tudo para ser grande.
A desculpa é manca, a personagem fica exibindo seus seios volumosos e a Konami, empresa criadora do game, chegou a lançar uma boneca peituda em sua homenagem.
Qual é o sentido de criar um enredo machista em um jogo de videogame que ajudou a enriquecer a narrativa em uma mídia eletrônica? Eu não sei. Gostaria de verdade que Kojima me explicasse isso.
Possível conclusão
Metal Gear ainda segue sendo uma grande franquia sobre conspirações políticas, que é crítica ao setor militar e se tornou um jogo de espionagem promovido em massa pela Sony e sua plataforma PlayStation. No entanto, os méritos do jogo não apagam a sombra do machismo propagado por seu autor, Hideo Kojima. Muitos argumentam que a sensualidade exagerada das personagens faz parte do “fanservice” japonês, que visa agradar homens que normalmente já são leitores de mangá e espectadores de anime.
Mesmo considerando tudo isso, a misoginia em personagens da franquia do herói Snake só depõem contra o legado positivo que o jogo deixa após o encerramento de seu quinto episódio nos grandes consoles, chamado Phantom Pain. É de se lamentar.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
mau caráter de primeira linha, dizer que H.K. é machista cometendo inúmeros erros sobre personagens e enredo dos jogos citados. Está sem o que fazer cara, vai procurar um barranco pra capinar e deixa de ser esquerdomacho.
A personagem The Boss é uma das mais importantes da franquia. Todos os principais personagens seguem o legado e o desejo dela de um mundo único, sem fronteiras. Big Boss está totalmente ligado à ela. Sem ela, Big boss nem existiria. Meryl, Sniper Wolf, Naomi, Eva todas personagens femininas fortes e com participações importantes na trama.
Vc reclama das mulheres da unidade The Beauty and The Beast que aparecem quase nuas. Cara, a maioria das mulheres mostram o corpo muito mais nas redes sociais hj. Isso vc não escreve, né. Agora encontrar machismo num jogo de vídeo game vc sabe. Não é o Kojima que objetifica as mulheres, mas elas mesmas fazem isso na vida real, redes sociais. Hipocrisia pura!
Ainda distorceu a história dos jogos e dos personagens. O que vc fez nessa matéria não é jornalismo, não é liberdade de expressão, é apenas mau caratismo puro de um lambe salto. Boi de canga.
sem falar da quiet, que é foda para caramba, que possui um final somente dela que fez muitos marmanjos chorarem
Triste demais ver que essa diarréia mental foi escrita por um homem. Não que se uma feminista idiota tivesse escrito seria melhor, mas o teor de desespero desse cara querer ganhar reputação dentro de um culto desses é nojento.
Cara, você esqueceu o metal gear rising pois uma personagem feminina construiu um foguete para o nosso personagem empedir um atentado pelo senador dos estados unidos, então procura mais ante de falar na internet, porque se não você levara muito hate.
Calado imundo.
Calado, seu merda.