Em 18 de abril de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma associação errada entre jogos violentos e ataques contra escolas falando para ministros em uma reunião transmitida ao vivo pela internet. A afirmação não encontra respaldo nas principais pesquisas do setor e provavelmente saiu de uma confusão e de uma generalização de Lula.
Apesar da repercussão obviamente negativa e com críticas das principais associações de games, além de docentes e de outros representantes, a cartilha Lula Play, elaborada pela Rede Progressista de Games (RPG), ganhou repercussão positiva na grande imprensa, tanto na generalista quanto na especializada.
Aparece em uma reportagem assinada por Beatriz Coutinho no maior jornal diário em circulação no Brasil, acima da Folha de S.Paulo e do Estado de S.Paulo: O Globo. Diz o texto:
“Na campanha eleitoral do ano passado, gamers entregaram uma cartilha para Lula com propostas voltadas para o setor de jogos eletrônicos no país, que conta com um público cada vez maior. De acordo com a Pesquisa Game Brasil, desenvolvida e publicada em 2022 pela Sioux Group e Go Gamers, 74,5% dos brasileiros têm o costume de jogar jogos digitais.
O ‘Lula Play’, como o documento foi nomeado, abordava temas como a regulamentação das profissões ligadas à área, a criação de cursos técnicos e de ensino superior para desenvolvedores de jogos e a revisão da legislação da banda larga, procurando melhorar a velocidade de conexão.
Na época, o então candidato do PT ao Palácio do Planalto escreveu em suas redes sociais que jogos eletrônicos não são apenas entretenimento, mas também ‘cultura, emprego e desenvolvimento tecnológico’. A estratégia era clara: acenar para um grupo próximo ao então presidente Jair Bolsonaro, que disputava a reeleição”.
O texto também menciona a Pesquisa Identidade Gamer Brasil, do Laboratório de Impacto Gamer da Purpose e com participação da pesquisadora Flávia Gasi, que explora a relação entre jogos e política.
Nenhum dos integrantes da RPG foram consultados pelos jornalistas. Mas há informações da própria campanha de Lula e matérias da época da entrega da carta, em agosto de 2022.
A Folha de S.Paulo publicou o texto do post de Lula naquele mês de agosto, mas não dá o nome da cartilha Lula Play e classifica o gesto do presidente como “afago” ao setor.
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IGN Brasil e The Enemy, dois dos maiores sites de cobertura noticiosa em games também frisam que a fala de Lula é contraditória com os princípios da cartilha, escrita por cerca de 30 profissionais de diferentes setores do mercado de jogos. IGN optou por publicar a informação sobre o Lula Play junto com a manifestação de repúdio da ABRAGAMES.
The Enemy publicou a manifestação da associação em uma segunda nota, enfatizando que a ABRAGAMES classificou a fala de Lula como “irresponsável”.
Em 2022, a cartilha Lula Play foi divulgada por diferentes jornais e sites, como Poder360, Correio Braziliense, Brasil247, Revista Fórum, O Tempo, DCM, TudoCelular, Mobile Time, Overloadr, Holodeck, Última Ficha, Farofeiros e Voxel.
Leia a cartilha na íntegra aqui.
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