Sindicato de atores de audiovisual dos EUA (Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists, SAG-AFTRA) anunciou nessa quinta (25) que aprovou uma greve para os profissionais que trabalham na dublagem e na captura de movimento na indústria de jogos eletrônicos do país contra o uso descontrolado de inteligência artificial generativa.
Voto de greve foi unanimidade por parte do comitê de negociação do sindicato e passa a valer a partir da meia noite desta sexta-feira, 26. Segundo o sindicato, o chamado à greve vem após falha em chegar a um acordo após pelo menos seis meses de negociações com as empresas. O pedido central é de proteção dos trabalhadores do uso abusivo de IA generativa. Entre o grupo de empresas que participavam das negociações com o SAG-AFTRA estão Activision, Blindlight, Disney, Electronic Arts, Formosa Interactive, Insomniac, Llama Productions, Take 2 Productions, VoiceWorks Productions e WB Games.
Desde setembro de 2023, os membros do SAG-AFTRA nas empresas de games trabalham sob estado de greve, aprovado por 98,32% de votos dos trabalhadores. “Embora tenham sido alcançados acordos sobre muitas questões importantes para os membros do SAG-AFTRA, os empregadores se recusam a afirmar claramente, em linguagem clara e exequível, que protegerão todos os artistas abrangidos por este contrato em suas operações das linguagens de IA”, afirma o sindicato em comunicado publicado em seu site.
“Não vamos consentir com um contrato que permite às empresas abusar da IA em detrimento dos nossos membros. Já basta. Quando essas empresas levarem a sério a oferta de um acordo com o qual nossos membros possam viver – e trabalhar – estaremos aqui, prontos para negociar”, diz no comunicado o presidente da SAG-AFTRA, Fran Drescher.
“A indústria de videogames gera bilhões de dólares em lucros anualmente. A força motriz por trás desse sucesso são as pessoas criativas que projetam e criam esses jogos”, diz no mesmo documento o diretor executivo e negociador chefe da SAG-AFTRA, Duncan Crabtree-Ireland. “Francamente, é impressionante que esses estúdios de videogame não tenham aprendido nada com as lições do ano passado”, conclui o executivo, lembrando da greve que afetou atores de televisão e cinema de Hollywood por quatro meses (entre julho e novembro de 2023).
À época, uma das principais reivindicações dos atores e atrizes em greve era justamente o uso de inteligência artificial na indústria de cinema e televisão. A paralisação – combinada com uma greve separada de roteiristas – paralisou a indústria do entretenimento nos EUA e interrompeu a produção de vários filmes e programas de TV.
Em posicionamento enviado à mídia dos Estados Unidos, o porta-voz das empresas de games envolvidas na negociação, Audrey Cooling, disse que as empresas estão “decepcionadas” com a proclamação de greve. E que havia acordo entre as partes para 24 das 25 questões elencadas como prioritárias pelo sindicato. “Estamos decepcionados pelo sindicato ter optado por desistir quando estamos tão perto de um acordo, e continuamos preparados para retomar as negociações”, disse Cooling. “Já estamos de acordo em 24 das 25 propostas, incluindo aumentos salariais históricos e disposições adicionais em matéria de segurança.”
O porta-voz segue dizendo que as empresas deram resposta às preocupações da SAG-AFTRA inclusive estendendo “proteções significativas contra a IA que incluem a exigência de consentimento e compensação justa a todos os artistas (…)”. A lista de atividades proibidas aos atores e atrizes membros da SAG-AFTRA inclui canto, atuação, dança, captura de movimento, ensaios, audições e outras. A publicidade de trabalhos já feitos pelos trabalhadores em greve também é proibida.
Com informações do The Gaming Era.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.