Por Pedro Zambarda, editor-chefe.
A repórter Bárbara Castro, do site IGN Brasil, a maior página de notícias de videogames em nosso país, publicou a segunda reportagem de Missão Zero, “uma série de entrevistas com mulheres na área de games discutindo suas jornadas, desafios e infâncias com (ou sem) jogos”. A entrevistada da vez é a desenvolvedora de jogos e CEO da Dyxel, Érika Caramello.
Numa cena brasileira de jogos mergulhada no machismo, na misoginia e nas representações predominantemente masculinas, enxergar o espaço que o IGN deu para Érika é fundamental para ocorrer alguma mudança no cenário. Ela tem 18 anos de história no mercado do entretenimento eletrônico, focando na formação de novos profissionais, através do seu trabalho na Fatec e na Sala Maker, e em jogos para fomentar a diversidade.
A partir de 2022, sua carreira viveu uma grande mudança, com a participação na concepção da Cartilha Lula Play e com a formação, com este que vos escreve, da Rede Progressista de Games – que também confeccionou a carta Boulos Play. Os documentos ajudaram a dar diretrizes no texto final, sancionado pelo presidente da República do Marco Legal dos Games, um conjunto de leis que permitem trazer o reconhecimento mínimo do setor de jogos para o governo federal.
Érika Caramello ainda trará importantes mudanças ao cenário, o que se reflete nas diferentes reportagens em que ela foi fonte. Tanto deste Drops de Jogos até o caderno da Ilustrada, da Folha de S.Paulo e agora no IGN.
Destaco alguns trechos da reportagem de Bárbara Castro, baseada em uma entrevista na Brasil Game Show 2024.
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Após estudar Publicidade e Propaganda na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Érika começou a trabalhar no mercado digital executando projetos para a web, redes sociais, aplicativos e jogos. Já em 2006, começou a trabalhar mais diretamente com a área de games, pois o setor necessitava de jogos publicitários e assim ela começou a estudar e focar mais nisso.
“E lá se vão 18 anos – já até atingiu a maioridade – trabalhando com jogos”.
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Mesmo hoje sendo convidada para vários eventos e tendo a flexibilidade de lecionar fora da sala de aula, Érika diz que a rotina é extremamente desgastante. Basicamente um trabalho sem fim.
“É muito desgastante, porque você dá aula, mas tem que preparar aula, corrigir provas e trabalhos, auxiliar estudantes. É alguém perguntando no Teams [depois dos efeitos da pandemia], mas na sala de aula também. Reduzo os dias que preciso estar fisicamente na sala de aula, mas durante a semana não tem dia para não trabalhar. Tem demandas da empresa, de eventos e acadêmicas a todo momento.”
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Já em 2022 veio o começo da RPG, ou Rede Progressista de Games. Érika conta que inicialmente recebeu um convite para uma reunião no Instituto Lula, onde encontrou um amigo em comum, Pedro Zambarda, e perguntaram sobre a realidade do cenário de games no Brasil e quais eram as demandas da área.
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No entanto, a repercussão foi negativa por parte de alguns grupos de ideologias diferentes e isso resultou na tomada de diversas medidas para garantir seu bem-estar. Ela conta que precisou retirar seu nome do site da instituição que lecionava, para “evitar um problema maior”, e ter que ver seu rosto viralizar em sites divulgando fake news e ter que ouvir de seus alunos sobre essas postagens.
“Era um cenário assustador de se posicionar politicamente, principalmente na área de games na qual a extrema-direita capta muito bem. Mas, sendo mulher, eu era alvo daquilo tudo.”
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Recomendo que você leia a reportagem, longa, na íntegra aqui.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.