Opinião: O Fallen, o MBL e a cartilha Lula Play - Drops de Jogos

Opinião: O Fallen, o MBL e a cartilha Lula Play

Um dos maiores pro-players do Brasil tem histórico de apoio aos políticos de extrema direita

Fallen

Fallen. Foto: Reprodução/Instagram

Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos.

No dia 17 de agosto de 2022, um comitê formado por 30 profissionais do setor de jogos eletrônicos elaborou, de forma voluntária, uma cartilha denominada Lula Play para entregar ao ex-presidente da República favorito nas pesquisas para a eleição presidencial. O objetivo da carta é dar um passo inicial para elaboração de políticas públicas.

Há propostas para os setores de desenvolvimento de jogos, eSports e consumo de forma geral. A cartilha foi aberta para participação pública, sendo que 13 profissionais assinaram o documento e mais pessoas agora podem assiná-lo ou fazer sugestões de melhorias.

Em 31 de julho de 2019, o pro-player Gabriel Fallen Toledo recebeu uma ligação do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, acenando apoio para o setor de games. Daquela data até hoje, Bolsonaro fez quatro reduções de impostos para produtos do setor. Essa é uma demanda antiga da área.

O problema? Com o dólar acima de R$ 5 e com a renda do brasileiro devorada pela inflação, as reduções de taxas foram praticamente irrisórias. E os incentivos públicos desapareceram nos estados, restando alguns poucos para a empresa do filho do presidente da República em Brasília.

Fallen é o maior jogador de Counter-Strike do Brasil e um dos maiores do mundo. Uma aproximação dele com a extrema direita mostra o quanto o setor está fechado com determinadas ideologias e não com políticas de Estado de bem-estar social. Um dos maiores representantes do setor enxerga o Estado exclusivamente como um portador de obstáculos para o avanço da tecnologia.

Não consegue ter a visão de que a máquina governamental, como agiu nos Estados Unidos e em outras nações, pode ser sim o motor de desenvolvimento do setor. Empresas como IBM, Microsoft e Facebook não surgiram do vácuo do mercado e muito menos de um país com “Estado mínimo”.

Mas essas são questões de opinião, de visão econômica e, sim, de ideologia.

O fato é que, apesar de hoje criticar Bolsonaro, Fallen fez outro aceno político no setor dos videogames.

No dia 23 de agosto de 2022, poucos dias após a entrega da cartilha Lula Play, Fallen fez uma doação em dinheiro ao deputado Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre (MBL), também de extrema direita e ex-apoiador de Jair Bolsonaro. E fez esclarecimentos em sua conta no Twitter.

Um dos únicos do governo que interage, discute e cria propostas no mundo gamer, do qual faço parte há 18 anos. Gosto da maneira com que se comporta em relação ao gasto do dinheiro público, tanto em serviço como em campanha.

Se eu concordo com absolutamente tudo que ele já fez ou fará? Só quem está cego e se considera o rei da razão pensaria assim. E tá cheio de gente assim na internet.

E se você acha que conhece ou concorda com tudo que o seu possível candidato faz, você é um fanático, não um eleitor. A sociedade está muito doente. Seguimos.

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Fallen

Fallen. Foto: Reprodução/Instagram

Fallen ignora que o movimento que Kim faz parte tem um histórico de pouca transparência com suas contas internas, que teve relações com partidos políticos que hoje se identificam como “Centrão” do governo Bolsonaro, acusados de fazer mal uso de dinheiro público. Fallen também não debate o mérito das propostas do candidato à reeleição do MBL.

O que Fallen faz ou não com seu dinheiro privado é seu direito. Mas, estranhamente, seu apoio sempre é direcionado para políticos de direita e, sim, para liberais que estão localizados na extrema direita e que deram suporte para as políticas de austeridade que prejudicaram trabalhadores há pelo menos sete anos.

Não há preocupação com discussões que efetivamente levam em conta o país com graves desigualdades sociais como é o caso brasileiro. Tem-se a impressão que as principais figuras do cenário de games nacionais não compreendem o país que vivem.

Não é por acaso essa mentalidade política: Fallen vive hoje nos Estados Unidos. Tem a mentalidade de um empresário bem-sucedido. Que não parece muito sincronizada com a realidade do Brasil de 2022.

x.x.x.x.

Transparência: O Drops de Jogos assinou e ajudou a elaborar a cartilha Lula Play. Você pode saber mais detalhes aqui.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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André

Se não está alinhado com o que “eu penso” é de extrema direita. Abram a mente aí pessoal.
Democracia é isso.

JSCS

Difícil decidir se comento a ignorância do conteúdo do texto ou o analfabetismo de quem escreveu tamanho o acumulo de erros de português. É impressionante a ignorância de uma pessoa que fala “Liberalismo de extrema direita” ou associa o Kim Kataguiri com extrema-direita.

Rafael

Pelo menos teve aquela notinha de rodapé ali informando que o Drops apoiou o Lula Play.
O bonito da democracia é que cada um apoia quem quiser, mas o feio é que se não for o meu candidato tá errado…

Me ajuda aí Pedrão!
“Não por acaso ele mora nos EUA” Sério mesmo????
Os jogadores de futebol que jogam/jogavam na Rússia então concordam com o Putin?

Mas beleza… Usa o nome dele como palavra chave/clickbait aí..

TODO MOVIMENTO É VÁLIDO, DESDE QUE RESPEITADOS OS VÁRIOS LADOS DA DEMOCRACIA.

Pra mim, particularmente, Tanto o político que está lá, quando o que quer voltar pra lá não são opções.

Boa sorte aí com o Lula Play.

Um abraço.

Alcides Baptista

Que texto mais ridiculo, partidarismo total, kim Kataguiri de Extrema direita ???. Vá descansar militante do Psol

FallenMBL

Lacracao comendo solta. falar que MBL é de extrema-direita so pode estar vindo de alguém que vive numa bolha comunista.

O choro é livre petistas de merda

Gustavo Borges

Super válida as colocações apresentadas no texto. Para quem acompanha o CS a décadas é decepcionante ver um dos maiores representantes brasileiro do game apoiando políticos de extrema direita.

Mesmo morando fora do país e sendo um empresário no Brasil, ainda são estranhas essas decisões do Fallen.

Entendo que faz parte da democracia a aceitação de pessoas com opiniões políticas diferentes, mas é desanimador ver uma figura pública como o Fallen apoiando figuras políticas irresponsáveis e que adoram flertar com o fim do regime democrático.

Lucas Fernandes Colantonio

Fallen apoiou o Bolsonaro só antes das eleições, depois veio a criticar o presidente. E o Kim é o deputado menos extremista que eu conheço kkkkkk, e certamente o melhor deputado que reside na câmara, é interessante ter o estudo sobre quem você fala bem ou mal, o Fallen representa muito, e você deve ter no mínimo o respeito a ele, e também entender que você está falando mal de um ótimo deputado, em prol de não querer conhecer mais o trabalho do cara. O Brasil fechado e separado que temos que é uma decepção, peço mais respeito tanto com o pai do cs brasileiro, quanto com o profissional do governo.

Rogério

Extrema direita, meu Deus. O cara é contra o aborto, a favor do casamento gay e a favor da legalização da maconha, isso é ser extrema direita ?

De apenas 1 exemplo de fim do regime democrático que o Kim flertou ?

Lucas Fernandes Colantonio

Falar que o Kim é de extrema direita kkkkkk, tem gente que gosta muito de falar, e pouco de estudar, mais respeito ao deputado Kim Kataguiri e ao Fallen, sem ele o cs não seria nem uma poeira perto do que é.

Rafael

Apreveite a oportunidade e apaga essa matéria ridícula. Pela argumentação rasa e sensaciobalista, fica claro que o autor não sabe nada sobre política e muito menos sobre esports. Ainda tenta fazer uma espécie de “crossover” bizarro. A vergonha vai passar no crédito ou no débito?